A forma de preservar o património nacional, é criar
condições para a sua preservação dentro de um contexto de desenvolvimento local
e regional.
A preservação, encarada sob este ponto de vista, não se esgota
na preservação de algumas estações ferroviárias, embora tal aspecto seja
importante.
Importa criar um modelo de preservação das estruturas
ferroviárias, da memória, das profissões, sempre centrado na necessidade de
desenvolver uma região, uma cidade, de forte cariz ferroviário.
Colocando a tónica no binómio preservação/desenvolvimento, e
orientando trabalhos e estudos neste sentido, será possível encontrar formas de
preservar a história e conjuga-la com o desenvolvimento económico.
O trabalho a fazer, tem que estar necessária e directamente relacionado
com a identidade dos lugares, com as suas histórias, tradições, gastronomia, hábitos, praças, ruas e edifícios.
O património ferroviário faz parte da identidade da cidade
do Barreiro. O comboio faz parte das memórias dos Barreirenses e a sua
preservação deve orientar-se no sentido
de dar continuidade a essa identidade colectiva.
Torna-se urgente proceder a um levantamento do património ferroviário existente
no Barreiro, classificá-lo, de modo a dar a conhecer aos Barreirenses esse
universo, essa realidade, de forma a poder atribuir um destino e um uso
adequado ao património existente edificado, e que nalguns casos conta com mais
de 150 anos de idade.
A memória ferroviária assume uma abrangência que vai muito para além do
património edificado, incluindo-se aqui, o património imaterial.
O património material é composto por um conjunto de bens
culturais classificados segundo sua natureza, arqueológico, paisagístico e
etnográfico; histórico.
O património imaterial
abrange as mais variadas manifestações populares que contribuem para a formação
da identidade cultural de um povo, onde se inclui a gastronomia, profissões,
associações culturais e desportivas com génese ferroviária.
Torna-se necessário uma forte e participada discussão entre o poder político e
a sociedade civil, procurando encontrar a responsabilidade partilhada na
execução desta tarefa de preservação do património ferroviário no Barreiro.
E sim, é possível, encontrar formas de preservação que
promovam o desenvolvimento do Concelho e da Região, sobretudo, numa vertente de
turismo específico, característico, apreciado não pela monumentalidade dos edifícios,
mas pelo que estes representam em termos históricos e culturais.
Se houver vontade e empenho, bastará aproveitar as
experiências neste campo que já existem por toda a Europa e até fora da Europa,
para se descobrir e implementar um modelo de preservação que co-exista com um
modelo de desenvolvimento local e regional.
Patrícia Tavares
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