terça-feira, 16 de outubro de 2012

Reflexões sobre património e identidade

 Classificar: porquê e para quê

Quando se fala em classificação de património o que se pretende é salvaguardar e preservar certos elementos da cultura material e imaterial de um povo, os quais serão tão representativos que, por si só, permitam facilmente, apreender as origens e a evolução histórica de uma determinada comunidade humana e a forma como a sua presença condicionou o território. É a partir deste “ambiente histórico” que se firmam noções de identidade e de património.

Numa concepção bastante eclética da noção de património, partilhamos a visão de Simon Thuley, Presidente do English Heritage que assim define o património:

«O património é aquilo que uma dada geração considera dever ser deixado para o futuro.»

Neste conceito cabem, por assim dizer, não apenas os edifícios, os objectos, a arte, mas igualmente aqui se incluem formas de vida, usos e costumes, associados a um determinado contexto económico, social e político, em suma: a cultura de uma comunidade.

Relativamente à identidade, podemos questionar o que é, e para que serve a identidade.

A identidade cultural define-se, em nosso entender, nos parâmetros do que acima ficou exposto. A sua utilidade advém, do facto de proporcionar as ferramentas e os fundamentos, que permitem o desenvolvimento equilibrado no presente e a construção de um futuro harmonioso.

A identidade serve para agregar e conferir sentido à vida e às raízes de uma comunidade.

No Barreiro, poucas marcas físicas subsistiram do passado remoto (edifícios, actividades económicas) ou mesmo imateriais (tradições, lendas). Daí a necessidade e a importância de valorizar e salientar as marcas do passado mais recente.

O Barreiro foi até há pouco tempo uma terra de forte implantação industrial e operária. Desde meados do século XIX que assim é, quando aqui se instalou o caminho de ferro. Foi a ferrovia que impulsionou a indústria corticeira e posteriormente a indústria química. Actualmente a realidade económica e social do Barreiro, e do país, é completamente distinta de há 150 anos. O Barreiro é hoje uma cidade desindustrializada, com todas as consequências que isso comporta.

Assim, são merecedores de justiça, todos os esforços para preservar os elementos mais característicos do património industrial e operário do Barreiro. Valorizando de igual modo os vestígios das indústrias da cortiça e química, o que aqui se pretende evidenciar é, desde logo, o monumental conjunto de património ferroviário existente no Barreiro, que urge classificar, evitando desse modo o seu desaparecimento.

Vd. o levantamento do património ferroviário, efectuado pelo Movimento Cívico em: Rota do Património Ferroviário do Barreiro http://patrimoniobarreiro.blogspot.pt/p/rota.html.


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