quarta-feira, 23 de maio de 2012

ESTOCADA FINAL NO BARREIRO FERROVIÁRIO!

“ A EMEF vai fechar oficina do Barreiro e dispensar 150 trabalhadores”
“….as actuais instalações do Barreiro deixam de ser necessárias”, pelo que se prevê uma tentativa de encaixe financeiro com a posterior alienação dos respectivos terrenos….”
São palavras proferidas pelo Presidente da EMEF, Carlos Frazão.
É com estas palavras que se assume, agora de forma frontal, que o Barreiro Ferroviário tem os seus dias contados.
Desde os anos 90 que se advinhava este desfecho, uma vez que os terrenos onde se inserem as oficinas estão classificados no PDM, como terrenos urbanos.
Recentemente, foi comunicado pela CP que o infantário iria encerrar no final do ano.
Conjugando estas informações, é fácil perceber que o que está em causa, é a rentabilização dos terrenos.
E não só dos terrenos onde se encontram as oficinas: também o espaço denominado de Bairro Ferroviário, onde se insere o referido infantário e o edifício chamado de “Palácio de Coimbra”, estão na classe dos apetecidos terrenos para construção urbana.
Em breve desaparecerá o “Bairro Ferroviário”, as oficinas, e quem sabe, a Estação, apagando a memória e a história de um Barreiro, orgulhoso das suas origens industriais.
Como aconteceu com as outras indústrias, moageira, corticeira, etc…, também os ferroviários verão em breve apagada a sua história nesta cidade.
Este Bairro, ainda no passado mês de Novembro de 2011, esteve na origem de uma exposição fotográfica, organizada pela CMB, cujo cartaz tinha em destaque a foto abaixo:
Entre as dez fotografias do Arquivo Municipal do Barreiro em exibição, consta a imagem do cartaz que ilustra este evento, que retrata o nevão de 1954, no Bairro Ferroviário (Freguesia do Barreiro).
Igualmente, a Câmara Municipal do Barreiro, tem publicado no seu acervo histórico património industrial, as características únicas deste Bairro Ferroviário, cujo desaparecimento se prevê para breve, e que se transcreve abaixo:
Bairro Ferroviário
A construção de habitações para alojamento por parte dos Caminhos de Ferro Portugueses, integrava-se na política “social” da companhia para atrair e fixar pessoal, oferecendo condições de estabilidade familiar e de emprego e contribuindo para o desencorajar de conflitos laborais.
Nessa perspectiva, a empresa construiu vários Bairros, especialmente nos centros ferroviários mais importantes como era o caso do Barreiro.
A 14 de Julho de 1935 foram inauguradas as primeiras moradias do Bairro Ferroviário do Palácio do Coimbra, com a presença do Ministro das Obras Públicas, Eng.º Duarte Pacheco. O Bairro viria a crescer um pouco mais em 1958, quando foram construídas mais 3 habitações, totalizando o conjunto 23 de moradias.
Tipologicamente o Bairro apresenta-se em blocos de 2 moradias unifamiliares de um só piso, com um pequeno quintal, destinadas a duas categorias profissionais o «Pessoal Graduado» e o «Pessoal Braçal». Ambas apresentam algumas variações, ao nível da organização interna do espaço, da decoração das fachadas e do acesso à habitação.
As moradias do «Pessoal Graduado» têm a entrada na fachada principal para a Rua da Bandeira, com uma porta de madeira ao centro flanqueada por duas janelas. O acesso é feito por 4 degraus em pedra calcária. Aproveitando o desnível foram instalados dois canteiros de flores. Os vãos das portas e janelas são rematados por friso em alvenaria pintado, cujo tom é repetido nas barras que percorrem a parte inferior do edifício. Interiormente o espaço é distribuído por 3 divisões e uma casa de banho. Possui outra entrada pelo quintal.
A casa do «Pessoal Braçal» é mais singela na decoração, possuindo apenas uma porta e uma janela. Não tem acesso pela rua principal, que é feito pelo tardóz do edifício. O espaço divide-se igualmente em 3 divisões mas a casa de banho é no exterior.
São pequenas diferenças que reflectem o estatuto profissional do seu morador.
Foi construído mais um bloco com 16 habitações em 1959, exterior ao Bairro mas junto ao Palácio do Coimbra.
Em 1964, a CP edificou mais 5 moradias junto à antiga Ponte do Seixal.”
Enfim, mais um pedaço de história que se apaga da memória dos Barreirenses, que se vão vendo cada vez mais submersos em novas construções descaracterizadas; mais um pedaço da história de uma cidade industrial que desaparece, apagando os vestígios de uma arquitectura industrial que poderia ser a alavanca do criar de um novo modelo de cidade, alicerçado numa ponte entre o passado e o futuro do Barreiro.
José Encarnação

1 comentário:

  1. MAS VOCES ESTAVAM A ESPERA DE QUE,NAO ERA NADA QUE EU NAO ESTIVESSE A ESPERA EU E TODOS OS CAMARADAS,QUE ESTES ATRASADOS MENTAIS,HIPOCRITAS,IGNORANTES E MENTECAPTOS,CONSERVASSEM OU PRESERVASSEM,O NOSSO PATRIMONIO FERROVIARIO DO BARREIRO,EM QUE TANTOS FERROVIARIOS,COMO EU,DEIXAMOS POR LA SANGUE,SUOR E LAGRIMAS.
    EM QUE VIMOS CAMARADAS NOSSOS MORREREM,FICAREM FERIDOS GRAVEMENTE,FICAREM INVALIDOS,EM CADEIRAS DE RODAS,PARALITICOS E NAO SEI O QUE MAIS,AO SERVIÇO DAS OFICINAS,DOS COMBOIOS,DAS ESTAÇÕES,DOS ARMAZENS,DAS CANTINAS,DOS REFEITORIOS,DOS INFANTARIOS,DOS BARCOS,DOS ESCRITORIOS,ETC.
    ELES NAO ANDAM, NEM NUNCA ANDARAM DE COMBOIO, NA PUTA DA VIDA DELES,TEM MOTORISTAS PRIVADOS PARA OS LEVAR A ELES E AS SUAS FAMILIAS,TEM MERCEDES,AUDIS,BMWS,ESTAO SE CAGANDO PARA OS COMBOIOS E PARA O PATRIMONIO FERROVIARIO DO BARREIRO.

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